quarta-feira, 14 de outubro de 2009

OS PARADOXOS DA VIDA

Pessoal, ainda na perspectiva filosófica, aqui vai mais uma reflexão que escrevi sobre a vida. É muita ousadia pensar em ser filósofo? Que nada! Pensar filosoficamente não parece ser difícil. Basta se inquietar sempre. Querer entender o que não se entende. Discutir, desconfiar, questionar. Acho que é por aí. Certamente assim agiram os grandes filósofos. Um abração.
A vida é feita de contradições. Idéias contrárias estão presentes em todos os momentos de nossas vidas. Sentimentos conflitantes nos invadem diariamente. Vida e morte, fé e descrença, acerto e erro, verdade e mentira, amor e ódio, esperança e desânimo, céu e inferno, pecado e perdão, sucesso e fracasso. Tudo é antítese, ou seja, sempre existe a oposição, a outra face, mais ou menos agradável, dependendo da posição em que se encontra o indivíduo ou do sentimento que ele experimenta. A linha que separa os dois lados pode ser bem sensível. Às vezes não sabemos onde estamos. Os paradoxos convivem inexplicavelmente. E isso é salutar ou nocivo? Pode ser fluido ou estanque. Hoje temos a certeza do que fazer. Amanhã já não mais, mudamos de idéia, fazemos o contrário. Tudo depende de decisão. Existem decisões que conflitam com o que realmente queremos. Temos de fazer a leitura da realidade que nos cerca. Antagônica, contraditória, dúbia, paradoxal. Assim é a vida, em todos os seus aspectos. Ganhar e perder. Duas faces que se confundem. O favorito perde. A zebra vence. Há vitórias, entretanto, que se revelam mais à frente verdadeiras derrotas. Por outro lado, muitas vezes, quando se perde, pode o triunfo reluzente bater à porta, revelado em circunstâncias que talvez nem são percebidas. Amar ou não amar, ser ou não ser? O amor de hoje pode não ser mais o de amanhã. A convicção atual pode desaparecer no outro dia. À luz do ensinamento cristão, os paradoxos se mostram de maneira mais acentuada. Percebemos nitidamente isso em alguns trechos da Bíblia: Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. (Mt 5,4); Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. (Mt 5,6). Vejamos ainda, dentre tantas, mais uma contradição interessante na metáfora bíblica : É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus (S. Mateus 19:24). O rico, o pobre. O que é ser rico e o que é ser pobre? Estas palavras adquirem semanticamente significados diversos. O pobre pode ser rico e nobre em seus sentimentos e comportamentos, em amor e generosidade. O rico, todavia, pode ser mesquinho em solidariedade, avarento, ou melhor, pobre. Mais e mais antíteses. As contradições são reais, inevitáveis. E você, qual é o seu paradoxo?

5 comentários:

Loany Costa disse...

Oi Fabrício, muito interessante o seu texto e perfeito para uma boa reflexão. Eu realmente me surpreendo todos os dias com o que vejo... “A vida é uma surpresa?!”... Deus nos deu a salvação e, além disso, um perfeito presente: a capacidade de nos maravilhar com aquilo que não compreendemos e que vai além do nosso entendimento humano. Um exemplo indiscutível para mim é a Santíssima Trindade do Deus que é uno e ao mesmo tempo três. Entendo que Deus usa os paradoxos para confrontar a sabedoria humana com a sabedoria divina e dessa forma nos leva a refletir e entender que não temos respostas para todas as coisas, ao mesmo tempo em que nos mostra que as respostas vêm Dele. Quando tomamos posse dessa palavra entendemos que não há limites para o poder de Deus. Todos os dias somos chamados a tomar decisões e como você mesmo se referiu no texto: tudo depende de decisão... O que fazer, então? Como saber qual é o melhor caminho?... Acredito que a atitude mais sábia é nos colocar na presença de Deus, deixar que Ele fale através dos seus paradoxos e pedir o direcionamento. Para isso precisamos confiar em suas orientações e deixar que Ele seja o tudo em nossa vida e que nos façamos o nada onde será derramada a sua glória. Difícil?... Certamente... Na maioria das vezes nos fazemos sábios demais para que a palavra nos toque e é tão difícil abrirmos mão da nossa bagagem pretensiosa e prepotente... Deus age espontaneamente, inclusive nos “acasos”, e felizes os que conseguem analisar esses sinais debaixo de Sua infinita sabedoria e que conseguem se maravilhar com as coisas encobertas por Ele e festejar por elas, sejam boas ou ruins ao nosso entendimento, pois são através dessas coisas que Deus se faz Deus para os que crêem. Querendo refletir, leia I Coríntios 1: 19-31. Que Deus continue te abençoando pra que você arrebente sempre (risos).

Fabrício disse...

Oi, Loany. Obrigado. Seu comentário é tão profícuo que daria pra eu publicar aqui em forma de postagem. De todo modo, ele tá aqui disponível a todos. Um grande beijo.

William R Grilli Gama disse...

O comentário da Loany é realmente perfeito... inibe outros quaisquer...

Confesso que não são raras as vezes em que me pergunto se a vida nao é a insatisfação constante com o experimentado e o que há, ainda, por se experimentar.
Mas o mais importante é que vivamos. Vivamos com a certeza de que não há ensaio para a vida, mas que ela se faz no ao vivo... na hora, sem tempo para escolhas, apesar da necessidade de reflexão.

O agir por impulso também faz parte da vida. As consequências nunca sabemos, apenas suspeitamos. Vivamos e façamos o que pareça bom para nós e não prejudique aos outros e saibamos preencher o espaço que nos fora separado, em paz com nós mesmos, na fé que será nossa sobre nós e sobre quem estiver acima de nós.

Parabéns pelas reflexões. Inevitavelmente nos levam a refletir...

Unknown disse...

Olá Fabrício,

parabéns pelo blog. Seus textos nos fazem sempre percorrer os olhos do início ao fim das matérias. Os paradoxos da vida, então... A compreensão de que a existência humana é permeada pela contradição nos remete a duas situações importantes, a saber: a) não há uma essência humana imutável, como queriam os filósofos metafísicos clássicos; b)é preciso "brigar contra o real" a fim de perceber a realidade como algo que não é dado, pronto e acabado. Estou me referindo a percepção do real que é fabricada pelo discurso dominante ideologizado, que objetiva encobrir as contradições sociais. E está briga somente é possível, como você bem frisou, meidante a problematização do real. Cara a filosofia tá em tudo mesmo!

Fabrício Andrade disse...

Olá, amigo. Obrigado pela visita. Excelente contribuição. Grande abraço.