segunda-feira, 14 de junho de 2010

Idiossincrasia

idiossincrasia sf (gr idiosygkrasía) 1. Med Constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa. 2. Psicol Qualquer detalhe de conduta peculiar a um indivíduo determinado e que não possa ser atribuído a processos psicológicos gerais, bem conhecidos. Var: idiocrasia.
Lendo um texto outro dia, deparei com essa palavra, da qual eu não sabia o significado. Embora o texto sugerisse uma idéia, não perdi tempo e fui ao dicionário. Como visto acima, significa 'a subjetividade, as sensações e impressões particulares que cada pessoa tem dos fatos da vida'.
A ciência nos ensina, portanto, que as pessoas recebem, percebem e sentem os fatos e acontecimentos da vida de modo diverso. Isso se dá certamente, porque, além da singular constituição psíquica (ou psicológica) de cada um, as pessoas têm formações e experiências diferentes ao longo da vida. É muito importante que todos saibam disso!
Já li várias vezes que a maioria dos conflitos ocorre justamente porque os indivíduos falham nessa percepção de que o outro é diferente. Além da idiossincrasia, as pessoas observam as realidades a partir de perspectivas diferentes. Nenhuma pessoa terá a visão global ou holística das 'coisas' da vida ou do mundo. Isso é impossível. Ainda que tenham o mesmo ponto de vista, dois seres humanos nunca sentirão uma realidade com absoluta identidade.
Diante das divergências intersubjetivas, conheça sempre todas as versões. Espere pelo menos o sino bater dos dois lados.
Acredito que ter essa consciência ajuda a reduzir muitos problemas interpessoais. É nesse contexto que entra o famoso pré-conceito, que nos causa prejuízo. Muitas vezes, a gente forma uma convicção sobre alguém ou alguma coisa a partir do sentimento que outra pessoa teve, correndo sempre o risco de obter a "verdade" partindo de uma história única (http://www.ojardim.net/2010/04/o-perigo-da-historia-unica_23.html).
Penso também que, em geral, as pessoas não têm a intenção de discordar ou ofender deliberada e gratuitamente o outro. Em verdade, o que ocorre é a defesa de sua idiossincrasia. Não quero defender aqui que todo mundo é bonzinho, mas é temerário partir do pressuposto de que os indivíduos são maus. Entendo que os conflitos ocorrem justamente por não se compreender que - não obstante a natureza humana - somos diferentes desde a concepção. O problema é se querer o tempo todo alcançar consensos, convergências ou unanimidades. Valeu!

9 comentários:

Fabiana disse...

Lendo esse seu texto me recordo de algumas vezes, que de fato compreendemos coisas, apenas a partir do que nos foi apresentado por terceiros.

Por outro lado tbém não foram poucas as ocasiões em que me senti profundamente triste com julgamentos sobre a minha pessoa e sobre a minha família. Julgamentos esses, baseados em pontos de vista e, por que não dizer, em interesses pessoais e desordenados de uma única pessoa. Nessas ocasiões, o que nos justificou (eu e minha família) e tranquiliza é a nossa fé em um Deus que tude vê, que nos ama, nos acolhe e nos ensina a perdoar e amar até mesmo aqueles que não merecem, ou seja, pessoas que passam a vida criticando e falando da vida alheia...

te amo meu irmão.

Anônimo disse...

Fabrício, gostei muito do post. Você não só escreve, mas sabe muito bem lidar com a idiossincrasia alheia, mostrando o tempo todo, em seus textos e sobretudo nos comentários aqui nesse mundo blogueiro, o respeito pelos pontos de vista diversos dos teus, a gentileza em sempre dar atenção a quem ela tb te oferece, e enfim, tua maneira de agir, a partir do que vejo por aqui, é um exemplo a ser seguido (ah.. com exceção a tua vontade de estrangular o William naquele post da seleção brasileira. hehehe). Bjão!

William R Grilli Gama disse...

Eu li o texto e vi o vídeo (a forma como ela conta as histórias no seu discurso é incrível)

Eu concordo com você em relação as conclusões precipitadas, mas elas me parecem quase inevitáveis... nós somos sucetíveis às pré-conclusões, mas é bom quando damos a chance de nos provarem que erramos (e mesmo quando temos essa chance) ou notarmos que acertamos nas nossas conclusões...

O texto é mto bom e o vídeo excelente... é sempre um prazer voltar aqui, principalmente quando é você que resolve voltar a escrever...

Abraço

Fabrício Andrade disse...

Fabiana, Gleise e William, é sempre um prazer receber visitas tão ilustres. Obrigado.

Hevellyn disse...

Ótimo o texto, ontem quando falei que lembrei do Livro que li (monge e o executivo) esta parte do texto "...de cada um, as pessoas têm formações e experiências diferentes ao longo da vida." quando no livro trata da liderança mostra que cada pessoa pensa e age da forma que foi criado pelo ambiente que se trabalha e todos tem uma visão diferente do mundo e a liderança é você inspirar e influenciar o outro para ação. É influenciar pessoas com entusiasmo e trabalho para o bem comum diferente de se impor como autoridade que e você impor a sua visão de mundo e tentar fazer com que as outras pessoas aceitem, isto se torna cansativo e neste ponto que o líder que se estabelece pela influência se sobre sai.
E esta maneira de agir acontece em todas as áreas da nossa vida exemplo sala de aula ocorre todos os dias, professores que se impõem não consegue ter atenção dos alunos o tempo todo diferente de professores que influenciam os alunos a prestarem atenção


Parabéns professor Fabrício blog como sempre ótimooooo....

bom restante de semana
bju
xauzinhooo

Anônimo disse...

Lendo esse texto, vejo que vc tambem é curioso como eu, e essa mesma palavra, já consultei no meu Janio Quadros, mas infelizmente nao tenho esse dom maravilhoso, que é escrever.
Beijossssssss
Tia Leda

Elias de Oliveira Junior disse...

Boa tarde, Mestre!

Gostaria de iniciar meu comentário elogiando a frase "É nesse contexto que entra o famoso pré-conceito, que nos causa prejuízo." creio que ela falou muito sobre o texto todo.

A pouco tempo atrás estive lendo, um texto sobre o que é preconceito o texto dizia que é uma forma de autoritarismo de uma sociedade doente! Forte né?! Pois é o Brasil um pais muito heterogêneo ainda não aprendeu a viver com as diferenças e fica doente,atingido pela violência marginalização e outros males advindos do preconceito da sua sociedade que é justificado, e a maior justificativa é o medo, medo de conhecer medo de para um minuto para entender o outro.( caramba nós somos frutos da própria diferença é só olhar a para o lado. Olha ai o negro e o japonês que esta trabalhando no mesmo departamento que você. RESPEITE!)
Não é necessário saber tudo da vida do outro basta apenas tentar! TENTAR ser mais compreensível, mais humilde...

kkkk acabei fazendo um desabafo! mas é isso ai Fabricião, respeitar as diferenças já é uma forma de deixar o mundo um pouco melhor né!

abraço.

ana flavia disse...

Realmente, cada pessoa indivíduo se desenvolve com uma cultura diferente, ou seja, em um espaço diferente aos demais, portanto, a peculiaridade é um fator comum e não podemos ignorar, mas sim entender de forma excruciante, pois na maioria das pessoas existe uma linha tênue entre a razão e o emocional, e com absoluta certeza se conseguirmos a paridade entre esses dois itens substânciais, atravessaremos a grande adversidade de entender o ponto de vista de cada indivíduo. Resumindo,(pode ficar um pouco confuso o contexto) a chave para a harmonia nada mais é que a inteligência emocional, espero ter ajudado 👍

Unknown disse...

Olá pessoal, bom dia. Pré-conceber a realidade externa é uma condição natural do ser humano motivada pelos estímulos internos e externos. Tudo que é pré-conceito se forma nessa temporalidade, contudo quando existe uma exacerbação nesses processos perde-se o controle e os comportamentos podem apresentar violência moral, física, psicológica, desrespeito ao outro, conflitos desnecessários. Existe também os sentimentos de incapacidade da própria pessoa em lidar com tais dificuldades acentuando o seu próprio sofrimento. Ouvi hoje um comentário na CBN de Mario Sergio Cortela, vou passar para vocês para que analisem e se desejarem de sua opinião
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/mario-sergio-cortella/2013/10/21/IDIOSSINCRASIA-E-UMA-ENFERMIDADE-SEM-ESPECIALISTAS.htm