É natural que nos preocupemos com a paz e a crise no mundo, o aquecimento global, a onda de xenofobia na Europa, a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil, a violência nas grandes cidades, o mensalão do DEM no Distrito Federal (o mais adequado talvez seja Detrito ou Delito Federal) etc. Aliás, é impossível não querer saber, se envolver, discutir todos esses assuntos, especialmente num mundo globalizado com todas essas informações disponíveis em um clique no computador. Mas é curioso perceber que as pessoas dão enorme importância ao que se sucede no quintal do vizinho. A gente o tempo todo assiste aos noticiários das grandes emissoras de TV e fica sabendo de tudo o que aconteceu nos Estados Unidos, na Europa, no Rio e em São Paulo. Você, por acaso (faço a mim também todas as perguntas desse post), desativa a sua parabólica para ver os programas locais? Você conhece o trabalho dos vereadores de Cacoal? E os bairros carentes da cidade? Ouvi alguém dizer uma vez que 'todo mundo mora no município'. Essa é uma grande verdade. Ninguém mora na União ou no Estado. O que tem me preocupado bastante em nossa cidade é o trânsito. O progresso em Cacoal é desenfreado. É bom? Evidente. Há consequências graves, preocupantes? Sim. Imagine uma filmagem aérea de Cacoal em 1995, 2005 e agora. O fluxo de veículo é algo impressionante hoje. Nunca senti tanta dificuldade para estacionar ou sair com o carro quando estou no centro da cidade, por exemplo. Outro dia, por volta das 18h, para eu sair da frente do Hotel Amazonas, demorei quase dez minutos. Ontem, por conta de um caminhão 'empacado', o trânsito parou na marginal na altura da Av. Porto Velho . Percebi pelo retrovisor uma fila gigantesca de carro. Eu nunca vi isso em Cacoal. São tantos os fatores que contribuem para essa realidade (a cidade está crescendo; muita gente chegando para morar aqui; faculdades importantes e novos estudantes a cada ano; facilidade na compra de veículos novos; trânsito desordenado etc). São tantas motos ultrapassando os carros pela esquerda e 'pela direita' que dá medo. Dirigir vai se tornando um desafio. Mas o que fazer então? Além de outros problemas igualmente importantes que a cidade tem, o que a meu juízo requer urgente atenção é o trânsito. Os constantes acidentes justificam essa preocupação. O município está inerte? Não. Foi criada a Secretaria Municipal de Trânsito (espero que por meio de lei, com a devida criação dos cargos e suas atribuições). Percebe-se um trabalho de sinalização de trânsito nas ruas. Ainda falta muito. A gente vê muitos fiscais na rua, mas a atuação é tímida. Parece inexistir um preparo, uma segurança de conduta. Na avenida Belo Horizonte, por exemplo, onde se colocou uma rotatória, seis ou sete agentes de trânsito ficam estáticos enquanto as pessoas, não acostumadas com a novidade, se confundem para saber quem pode ou não seguir em frente. A educação de trânsito entra aqui. Conhecer os sinais de trânsito é fundamental. O problema é nosso. Espero que um estudo tenha sido realizado para se definir a colocação daquela rotatória ali. Não me parece que aquele ponto seja tão crítico no trânsito da cidade. Há outros locais mais perigosos. E os semáforos? Será que já não está na hora de pensar neles? Colocar só porque é bonitinho evidentemente não é o caso. Estudos de engenharia de tráfego irão revelar a necessidade. Como leigo, vejo que já é necessário. Até brincam com isso, porque Pimenta Bueno e Buritis, grandes metrópoles, já possuem esses aparelhos. A questão é essa. A responsabilidade também é nossa. Vamos nos envolver mais com as coisas daqui? E aí, o que te preocupa o global ou o local?
9 comentários:
Concordo com vc, Fabrício, e plenamente. Tendemos a olhar o umbigo alheio e esquecemos do nosso microcosmo, de onde deveria começar o exercício da cidadania. O brasileiro - talvez por nossa herança cultural ibérica - , não consegue assimilar o conceito de que o bem público é tbém seu. Santifica-se a figura do homem público, o político, como se seus atos não lhe tocassem, pois aprendera sempre a pensá-lo como uma profissão qualquer, e nunca como seu representante. É uma pena. Um bom início de semana!
Grandes metrópoles é? Tirando onda hem.
Eu me lembrei de uma frase: "Pense globalmente, aja localmente". Nós somos alienados de nossa própria realidade. Estamos tão acostumados a deixar a nos deixar levar pela televisão que às vezes dá a impressão que a nossa vida é que é irreal. A ficção é aqui. Nos preocupamos mais com a tetraplégica da novela, e dela morremos de pena, do que com nossos problemas aqui, da vida "real". Esquecemos que o mundo começa, como já se disse, no nosso quintal, e não a partir daquela caixa quadrada, projetora de imagens e sons, senhora de nossa salas de estar.
Fabrício, já que este texto teu, inaugurou um espaço para os indignados de plantão, também vim vomitar sem vírgulas, a minha revolta. Você citou o trânsito, mas o nosso cardápio de problemas locais é vasto. Realmente, as pessoas não pensam localmente e quando o fazem, fazem errado, dominadas por aqueles que muito mal nos governam. Rondônia é um pequeno feudo. Nosso senhor (aquele que usa um chapéu cafona e se acha maior do que Deus) é temido por rondonienses, gregos e troianos. A vassalagem confunde autoritarismo com eficiência (pq o fulano banca o macho, faz e acontece passando por cima de tudo e de todos). Fora daqui somos sinônimo de corrupção. E pessoas aparentemente endinheiradas, cuja consciência e nível de esclarecimento da realidade é inversamente proporcional às suas dívidas e cifras bancárias, andam em seus cavalos (financiados) adesivados com a mensagem:”Rondônia não pode parar” (defendendo o bandido!!!), e mais, o lema (fundamentação da ignorância) é: “ele rouba mas faz”. Ufa, isso me deixou enjoada. Meu Deus, por que não nasci na Dinamarca???!!!. Abraços, amigo blogueiro, feliz natal e um ano novo repleto de prosperidade!
Luma, suas visitas aqui me alegram. Endosso suas palavras. Obrigado.
Laurindo, é isso mesmo. Vivemos a realidade dos outros mais do que a nossa. O mais triste é quando o envolvimento se dá sobre coisas fictícias, como as novelas. Lamentável.
Gleise, a sua indignação sobre o mandatário maior do Poder Executivo reflete a de muitos rondonienses, que nunca colocariam o tal adesivo. Muita gente admira as 'virtudes' lembradas por você, infelizmente. Talvez tenhamos medo, mas é necessário revelar a nossa irresignação tal qual você fez hoje. Subscrevo tudo o que disse.
Muitas vezes reclamar do trânsito e ainda sempre andar de carro é meio contraditório (ainda mais pela superlotação de veículos), algo semelhante a criticar um conceito sem fundamento com outro mais obscuro ainda, o mesmo que defender fortemente um argumento e não seguir o mesmo na pratica, logo seu conceito é fraco, pois não consegue nem convencer a você mesmo.
E a cidadania é isso ai, depois que você arrumar seu quintal, deve tentar ajudar os outros as eles próprios a arrumar seu próprio quintal, pois viver no quintal "limpinho" enquanto seu vizinho vive em outro sujo e sem oportunidade de mudança, é ficar na passividade, em resumo é ser cúmplice de todo esse cataclismo, pois a reclamação que o jardim do vizinho não tem flores enquanto o seu também só possui um recinto de lixo, está na mesma categoria dos exemplos acima citados, então primeiramente cuide de você e do seu espaço, só assim ganhará grandes dimensões ou talvez seja as dimensões que ganharão você.
Hugo, fiquei feliz com sua visita. Conheci seu blog, gostei bastante. Na verdade, apenas expus a minha precocupação com o trânsito da minha cidade, aqui no interior de Rondônia. Não acho contraditório andar de carro e se preocupar com o trânsito. Aliás, esse deve ser o comportamento de todo mundo. Se eu estivesse fazendo uma defesa intransigente do meio ambiente (precoupado, por exemplo, com o aquecimento global) e continuasse usando veículo automotor, aí sim eu estaria sendo contraditório. No mais, concordo com você. A gente é campeão em fazer isso. Olhar o vida alheia, apontar os problemas e as mazelas dos outros, sem olhar para o nosso próprio umbigo. Obrigado pela visita. Voltarei sempre ao seu blog. Um abraço.
Passei aqui apenas para desejar boas festas a você e aos amigos.
Um bom Natal e um ano novo melhor que este! Um grande abraço, LuMa.
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