quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Mundo globalizado e a Copa do Mundo



A Copa do Mundo revela o quanto o mundo tem pretendido ser globalizado. Eto'o surpreso com a integração entre as nações proporcionada pelo maior evento do futebol. Apesar dos diversos episódios de xenofobia e violação dos direitos humanos, pelo menos Iniesta copa tenho visto sinais de verdadeiro respeito às diferenças. Pessoas da América, Europa, Ásia, Oceania e África se encontram harmonicamente na África do Sul. Milito em favor dessa postura, Higuain à adotada pelo Bravo Nelson Mandela no combate à política sul africana de segregação de negros e brancos, denominada Apartheid, adotada em 1948, e abolida em 1990, graças especialmente ao mártir e ex-presidente do país sede da Copa. Sabe-se que ainda não se atingiu o ideal, em que Blanco, Moreno e negro vivam em absoluta harmonia, não apenas na África do Sul, mas em todo o mundo. O mundo se intitula globalizado, mas não Seliga que a intolerância destruiu Torres americanas e as pessoas estão construindo Barrera(s) dentro e fora de si mesmas. Nos seus Palácios, muitos povos e estados ricos vão eliminando o sentimento de paz tão difundido. Como se sabe, Estrada(s) e Rios são usados na migração clandestina a países que se dizem globalizados. Os que vazam as Paredes das fronteiras recebem intolerância e subempregos. Yano de Copa do Mundo, porém, parece que isso tudo não acontece, porque são vistos mexicanos americanos, argelinos franceses, brasileiros portugueses, brasileiro japonês e Cacau alemão. O mundo tornou-se uma Babel, um Park onde diversos idiomas, raças e culturas se misturam, nem sempre amistosamente. Sendo bem Franco, há muito ainda a se evoluir no campo da tolerância e respeito ao diferente. A bola está Rolando, mas ainda se mostra meio Mucha, sendo Verón ou inverno  -  a estação vivida agora na África do Sul. Amoah nos corações que Poulsen dentro do peito dos seres humanos, estejam onde estiverem. Não deixe que Robben esse seu sentimento. Seja Justo com o outro, tão diferente, mas tão igual a você. Grafite nenhum irá riscar do Altidore a mensagem tão bela do amor, pregada por Jesús e outros líderes religiosos não cristãos. Emana e Reina, na verdade, em cada pessoa esse sentimento. Odiah o próximo Mata a essência humana. Na África do Sul, o Loco Abreu o coração com a Xavi do futebol e merece o Óscar por ser o Bamba da mais bonita manifestação humana: o amor.



Eto'o (Camarões); Iniesta (Espanha); Milito (Argentina); Higuain (Argentina); Bravo (Chile); Blanco (México); Moreno (México); Seliga (Eslovênia); Torres (EUA); Barrera (México); Palácios (Honduras); Estrada (Chile); Rios (Uruguai); Paredes (Chile); Yano (Japão); Cacau (Alemanha); Babel (Holanda); Park (Coréia do Sul); Franco (México); Rolando (Portugal); Mucha (Eslováquia); Verón (Argentina); Amoah (Gana); Poulsen (Dinamarca); Robben (Holanda); Grafite (Brasil); Altidore (EUA); Jesús (Espanha); Emana (Camarões); Reina (Espanha); Odiah (Nigéria); Mata (Espanha); Loco Abreu (Uruguai); Xavi (Espanha); Justo (Paraguai); Óscar (Paraguai); Bamba (Costa do Marfim).



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Idiossincrasia

idiossincrasia sf (gr idiosygkrasía) 1. Med Constituição individual, em virtude da qual cada indivíduo sofre diferentemente os efeitos da mesma causa. 2. Psicol Qualquer detalhe de conduta peculiar a um indivíduo determinado e que não possa ser atribuído a processos psicológicos gerais, bem conhecidos. Var: idiocrasia.
Lendo um texto outro dia, deparei com essa palavra, da qual eu não sabia o significado. Embora o texto sugerisse uma idéia, não perdi tempo e fui ao dicionário. Como visto acima, significa 'a subjetividade, as sensações e impressões particulares que cada pessoa tem dos fatos da vida'.
A ciência nos ensina, portanto, que as pessoas recebem, percebem e sentem os fatos e acontecimentos da vida de modo diverso. Isso se dá certamente, porque, além da singular constituição psíquica (ou psicológica) de cada um, as pessoas têm formações e experiências diferentes ao longo da vida. É muito importante que todos saibam disso!
Já li várias vezes que a maioria dos conflitos ocorre justamente porque os indivíduos falham nessa percepção de que o outro é diferente. Além da idiossincrasia, as pessoas observam as realidades a partir de perspectivas diferentes. Nenhuma pessoa terá a visão global ou holística das 'coisas' da vida ou do mundo. Isso é impossível. Ainda que tenham o mesmo ponto de vista, dois seres humanos nunca sentirão uma realidade com absoluta identidade.
Diante das divergências intersubjetivas, conheça sempre todas as versões. Espere pelo menos o sino bater dos dois lados.
Acredito que ter essa consciência ajuda a reduzir muitos problemas interpessoais. É nesse contexto que entra o famoso pré-conceito, que nos causa prejuízo. Muitas vezes, a gente forma uma convicção sobre alguém ou alguma coisa a partir do sentimento que outra pessoa teve, correndo sempre o risco de obter a "verdade" partindo de uma história única (http://www.ojardim.net/2010/04/o-perigo-da-historia-unica_23.html).
Penso também que, em geral, as pessoas não têm a intenção de discordar ou ofender deliberada e gratuitamente o outro. Em verdade, o que ocorre é a defesa de sua idiossincrasia. Não quero defender aqui que todo mundo é bonzinho, mas é temerário partir do pressuposto de que os indivíduos são maus. Entendo que os conflitos ocorrem justamente por não se compreender que - não obstante a natureza humana - somos diferentes desde a concepção. O problema é se querer o tempo todo alcançar consensos, convergências ou unanimidades. Valeu!

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Brasil e a nova configuração geopolítica mundial
















Este texto é do professor e meu amigo Elias Nunes de Oliveira, em resposta a artigo do também meu amigo William Gama, publicado em seu blog e encontrado no link (http://otrovante-blogdowilliam.blogspot.com/2010/05/mais-uma-do-lula-aff.html), com o título "Mais uma do Lula ... AFF!!!", no qual ele critica ferrenhamente a política internacional do governo Lula, em especial o caso envolvendo o Irã e a sua questão nuclear. Lá vai!
Um conjunto de fatos concretos reúne os principais lances do jogo atual, que aponta claramente para um reequilíbrio de forças no plano internacional. E nesse cenário, os chamados BRIC´s são os protagonistas, com destaque para o Brasil. Desde negociações em nível regional, atuando para dirimir conflitos entre Colômbia e Venezuela, passando pelas últimas negociações da Rodada Doha, pela vitória na OMC contra os EUA, até o Acordo com o Irã, a diplomacia brasileira tem dado o tom das negociações internacionais. E o faz com muita eficiência. O resultado deste trabalho é a consagração nas diretrizes de política externa que os americanos divulgaram na semana passada, dedicando boa parte do texto ao Brasil, detalhando de que maneira o país passa a ser considerado no plano estratégico internacional. São vários os pontos, portanto, que merecem reflexão. Atenho-me aqui, em especial, ao acordo celebrado com o Irã, que me parece ser o marco histórico desse processo. Para alguns setores que criticam as ações da diplomacia brasileira, o acordo não é produtivo e atrapalha os planos do Brasil na disputa por uma vaga permanente no conselho de segurança. É engraçado, pois esses mesmos setores, em certa medida, discordam da busca pela vaga no conselho. A crítica carece de lógica, portanto. É interessante também que, ao criticar ou achar estranho o Brasil se meter em uma questão tão distante de nossos interesses e nossa realidade, ninguém menciona a atuação destacada da diplomacia brasileira nas negociações para a criação do Estado de Israel, na pessoa do senhor Osvaldo Aranha. Curioso, não? De outro lado, se o acordo é bom ou não para o processo de não proliferação de armas nucleares, ou se atrapalha o andamento das negociações para imposição de sanções ao Irã, não se sabe. O que se sabe é que as sanções, em geral, também não produzem resultados positivos. E os exemplos nesse sentido são vários. Destaque-se o caso absurdo do Iraque. Agora, do ponto de vista da estratégia brasileira, e da lógica de sua atuação, o que não há nesse processo é ingenuidade. Aliás, bem ao contrário, pois no fundo também se considera a possibilidade de o Brasil desenvolver a bomba atômica. Pode soar estranho, mas é coerente com a lógica desse novo jogo e reequilíbrio de forças, e a diplomacia brasileira tem clara noção disso. Na nova configuração geopolítica mundial, quem desponta é o Brasil, e não apenas o presidente Lula. Estamos falando de um país que reúne o maior conjunto de recursos estratégicos para o desenvolvimento “sustentado” e “sustentável” da economia mundial. Cabe aqui um dado interessante: as reservas brasileiras, em divisas estrangeiras, na segunda metade da década de 1990, eram de aproximadamente 30 bilhões de dólares, e agora caminham para os 300 bilhões. Esse dado, isoladamente, não quer dizer muita coisa, mas no conjunto dos fundamentos da economia brasileira, ajuda a explicar a estratégia mais agressiva do Brasil no cenário internacional. O Brasil é cada vez mais chamado ao debate. E nessa arena, Lula e o Itamaraty têm dado sinais bastante claros de que sabem o que querem. Não querem jogar por jogar, querem marcar gols. E isso significa disputar espaços, assumir posições importantes e, se possível, até controlar o jogo ao seu ritmo e ao seu sabor. Isso não se consegue sem nenhum incômodo, claro. Porém, fica cada vez mais difícil querer reprimir ou impedir as movimentações brasileiras nesse campo de jogo. O presidente da França, por exemplo, com o seu Rafale, sabe disso.